sexta-feira, junho 19, 2015

A importância da coordenação técnica das cidades e concessionárias




Riscos, custos e desconfortos evitáveis
Mais e mais nossas cidades vão se tornando dependentes da confiabilidade, segurança e custos dos serviços essenciais e soluções urbanísticas. Novos estatutos, leis, normas técnicas etc. aparecem, nem sempre de forma hierarquizada, coerente.
Lamentavelmente a fiscalização e critérios de análise remontam a épocas passadas, quando vivíamos em condições radicalmente diferentes das atuais.
Nosso povo não tem a obrigação de entender as sutilezas técnicas de nossas concessionárias e os padrões que as prefeituras e agências reguladoras estabelecem. A falta de conhecimentos viabiliza qualquer solução ou o mau serviço. O cenário é assustador para quem entende e sabe o que pode acontecer diante da segmentação de responsabilidades e burocratização das intervenções.
Em tudo prevalece a ignorância e até a sensação de má fé de gente que decide.
Em Curitiba, exemplificando, a descoordenação técnica é flagrante expondo a população a situações inacreditáveis, principalmente para aqueles que dependem dos serviços públicos e não podem usufruir das delícias da tecnologia disponível para quem tem muito dinheiro.
Obras descoordenadas provocam intervenções frequentes das equipes de manutenção. Calçadas, um caso desesperador,  (faixas de servidão) são feitas e refeitas com padrões ruins, incompatíveis com a utilização normal a que estão sujeitas, de pedestres a caminhões sobre um piso que esconde tubulações diversas. Se acontece uma reforma de algum circuito pode acontecer, como vimos na D. Pedro I, bairro da Água Verde, uma canalização nova da Compagas (1) em paralelo com um circuito velho da Sanepar (2) sob uma calçada ruim (bonitinha, mas ordinária) em local de acesso de caminhões de carga. Bastou um caminhão manobrar sobre esse circuito num ponto erodido para tudo afundar num buraco criado pela fuga de água de manilhas antigas.
Obras gigantescas não têm planejamento de canteiro, usando as ruas e passeios a critério de seus responsáveis. Prédios enormes são feitos sem áreas verdes e espaçamentos adequados (que poderiam ser extremamente úteis durante as obras). Todos precisando de energia, saneamento básico, comunicações, água potável (que deve ser bombeada até o último andar), transporte coletivo, acessibilidade etc. e sobre escavações gigantescas dedicadas a garagens subterrâneas.
A sensação que temos é a de flagrante degradação de gerenciamento técnico e a criação de dificuldades no varejo; cada problema precisa ser resolvido individualmente, criando multiplicação de projetos similares, carimbos, custos, critérios e transtornos...
O problema da descoordenação é visível em todos os níveis.
A estiagem que enfrentamos não é novidade. Os mais velhos devem ter na lembrança muitas outras. O que as autoridades faziam nesses últimos anos? Que riscos consideraram aceitáveis? Deixavam acontecer? Em situações de crise vale tudo, inclusive aumentar tarifas sobre as quais incidem impostos apetitosos aos governantes de plantão.
Precisamos de gerenciamento técnico rigoroso e transparência total.
Onde estão aqueles que deveriam manter nossos governantes e legisladores bem informados e sem desculpas tenebrosas?
As epidemias e endemias e os escândalos envolvendo até hospitais universitários demonstram a incompetência e alienação de gente que considerávamos acima de qualquer suspeita.
Nosso povo sofre e paga caro. Tem culpa? Uma grande nação mantida desde a invenção do Brasil no pior nível de ignorância sabe o que acontece? Os teatros políticos ajudam-na a entender, interagir, vigiar?
O pesadelo que enfrentamos simplesmente caminhando, o meio mais ecológico e sustentável de mobilidade, é também esclarecedor quando andamos conscientemente, olhando e analisando o que enfrentamos.
Podemos e devemos melhorar muito, reduzir custos, aumentar a confiabilidade de tudo que é necessário para termos uma vida decente.
O que falta é acima de tudo foco em nossos pesadelos.
O que acontece, atualmente, exceto na atuação dos MPs, Poder Judiciário, Polícia Federal e GAECOs, devidamente apoiado por uma nova modelagem de jornalismo, é a nossa esperança que, entretanto, precisa ser complementada pelas corporações de engenheiros, arquitetos médicos etc. para a reformulação do gerenciamento técnico do Brasil.

Cascaes
19.5.2015

1. COMPAGAS. COMPAGAS. [Online] http://www.compagas.com.br/.
2. SANEPAR. [Online] http://site.sanepar.com.br/.


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