Renovação e cancelamento de concessões
Sentimos, temos a sensação de que grandes empresas
concessionárias de serviços públicos são mal fiscalizadas e as instituições
encarregadas de regulá-las se omitem em questões importantes.
O normal é acusar os governantes de plantão e isso é justo
quando tratamos de estatais. No conjunto, entretanto, existe uma
interdependência (como é o caso da energia e saneamento básico) de muitos
governos e entidades na vigilância e cobrança de bom planejamento, projetos,
construção, operação, manutenção, qualidade, confiabilidade etc.
O que está acontecendo no Brasil mostra que algo está
errado. Seria leviandade simplesmente apontar isso ou aquilo como a causa das
falhas monumentais que estamos sofrendo.
Muita coisa foi privatizada, ou seja, atividades importantes
viraram instrumento de especulação e de decisões sensíveis ao lucro a qualquer
custo. A demagogia é onipresente e a ignorância de gente poderosa um pesadelo. O
resultado é a protelação de investimentos, a degradação de serviços e o
crescimento de riscos extremamente onerosos.
Não podemos esquecer as transformações excessivamente
aceleradas de nossas cidades, a transformação de florestas em pastagens ou
campos de cultivo de cereais, a precariedade dos sistemas em geral e, pior de
tudo, a ausência de compensações rápidas e pesadas a consumidores atingidos
pela má gestão.
O clima está mudando, tanto o da Natureza quanto o do mundo
dos negócios.
Boa gestão não é simplesmente baixar tarifas e dar
explicações, é fazer da empresa uma unidade eficaz no atendimento a seus
clientes, dentro dos padrões técnicos que precisamos para morar em cidades
verticalizadas, densamente povoadas, trabalhar em indústrias sofisticadas, ter
hospitais, escolas, trânsito seguro, manter um cenário de tranquilidade.
Nesse contexto um momento delicado e de extrema atenção é o
da renovação das concessões.
Nosso povo sabe quem são os poderes concedentes? O que
fazem? De que jeito preparam os editais?
Governo a governo algumas concessões importantes são
renovadas, o que a população atingida espera desses editais? São bem feitos?
Água, esgoto, lixo, transporte coletivo etc. estão
subordinados aos municípios, os prefeitos delegarão processos? Sabem que podem
cassar concessões? Seus titulares de secretarias e estatais estão bem preparados
para a realização desses leilões? O processo é transparente?
O que acontece no Brasil não é apenas culpa de São Pedro.
Reservatórios de água chegam a níveis quase zero sem que tivéssemos
visto campanhas sérias e permanentes de racionalização do uso da água e energia
elétrica (dá lucro consumir) e as obras e decisões operacionais de compensação
viraram emergenciais, nós pagamos a conta.
O que está acontecendo no Brasil deveria estar sendo
auditado e apoiado tecnicamente pelas mais conceituadas empresas de engenharia mundiais,
estão?
Quantos anos serão gastos para voltarmos à normalidade? Quanto
custará ao nosso país essa omissão? Quanta gente vai perder seu emprego, sua
empresa?
Quanto o Brasil perderá com a omissão e anarquização do
Setor Elétrico, por exemplo? Temos aí um bom exemplo de que boas intenções
apenas não resolvem, é preciso máxima competência, algo que faltou
flagrantemente nesse tempo todo.
Não podemos esquecer que grandes obras exigem muito tempo
para se tornarem realidade, afinal nossa legislação só faz complicar nosso
desenvolvimento...
Cascaes
3.2.2015
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