quarta-feira, fevereiro 04, 2015

Serviços essenciais, onde erramos?

Renovação e cancelamento de concessões
Sentimos, temos a sensação de que grandes empresas concessionárias de serviços públicos são mal fiscalizadas e as instituições encarregadas de regulá-las se omitem em questões importantes.
O normal é acusar os governantes de plantão e isso é justo quando tratamos de estatais. No conjunto, entretanto, existe uma interdependência (como é o caso da energia e saneamento básico) de muitos governos e entidades na vigilância e cobrança de bom planejamento, projetos, construção, operação, manutenção, qualidade, confiabilidade etc.
O que está acontecendo no Brasil mostra que algo está errado. Seria leviandade simplesmente apontar isso ou aquilo como a causa das falhas monumentais que estamos sofrendo.
Muita coisa foi privatizada, ou seja, atividades importantes viraram instrumento de especulação e de decisões sensíveis ao lucro a qualquer custo. A demagogia é onipresente e a ignorância de gente poderosa um pesadelo. O resultado é a protelação de investimentos, a degradação de serviços e o crescimento de riscos extremamente onerosos.
Não podemos esquecer as transformações excessivamente aceleradas de nossas cidades, a transformação de florestas em pastagens ou campos de cultivo de cereais, a precariedade dos sistemas em geral e, pior de tudo, a ausência de compensações rápidas e pesadas a consumidores atingidos pela má gestão.
O clima está mudando, tanto o da Natureza quanto o do mundo dos negócios.
Boa gestão não é simplesmente baixar tarifas e dar explicações, é fazer da empresa uma unidade eficaz no atendimento a seus clientes, dentro dos padrões técnicos que precisamos para morar em cidades verticalizadas, densamente povoadas, trabalhar em indústrias sofisticadas, ter hospitais, escolas, trânsito seguro, manter um cenário de tranquilidade.
Nesse contexto um momento delicado e de extrema atenção é o da renovação das concessões.
Nosso povo sabe quem são os poderes concedentes? O que fazem? De que jeito preparam os editais?
Governo a governo algumas concessões importantes são renovadas, o que a população atingida espera desses editais? São bem feitos?
Água, esgoto, lixo, transporte coletivo etc. estão subordinados aos municípios, os prefeitos delegarão processos? Sabem que podem cassar concessões? Seus titulares de secretarias e estatais estão bem preparados para a realização desses leilões? O processo é transparente?
O que acontece no Brasil não é apenas culpa de São Pedro.
Reservatórios de água chegam a níveis quase zero sem que tivéssemos visto campanhas sérias e permanentes de racionalização do uso da água e energia elétrica (dá lucro consumir) e as obras e decisões operacionais de compensação viraram emergenciais, nós pagamos a conta.
O que está acontecendo no Brasil deveria estar sendo auditado e apoiado tecnicamente pelas mais conceituadas empresas de engenharia mundiais, estão?
Quantos anos serão gastos para voltarmos à normalidade? Quanto custará ao nosso país essa omissão? Quanta gente vai perder seu emprego, sua empresa?
Quanto o Brasil perderá com a omissão e anarquização do Setor Elétrico, por exemplo? Temos aí um bom exemplo de que boas intenções apenas não resolvem, é preciso máxima competência, algo que faltou flagrantemente nesse tempo todo.
Não podemos esquecer que grandes obras exigem muito tempo para se tornarem realidade, afinal nossa legislação só faz complicar nosso desenvolvimento...

Cascaes
3.2.2015


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