terça-feira, dezembro 24, 2013

Erros apontados, efeitos danosos, consequências.....


De: RCM
Enviada em: terça-feira, 24 de dezembro de 2013 09:17
Para: RCM
Assunto: Erros apontados, efeitos danosos, consequencias.....

Governo errou no corte da conta de luz, diz ex-diretor da Aneel


Comentários ao longo do texto.


Para Edvaldo Santana, que trabalhou na agência por 13 anos, não se imaginou que o Tesouro iria bancar a conta
24 de dezembro de 2013 | 2h 01
ANNE WARTH / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
O governo errou ao propor o modelo de renovação das concessões do setor elétrico, cuja ponta mais conhecida é o corte nas contas de luz anunciado pela presidente Dilma Rousseff em cadeia de rádio e TV. A avaliação é do ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Edvaldo Santana, que deixou o cargo na semana passada após 13 anos de atuação no órgão regulador, onde começou como superintendente e cumpriu dois mandatos como diretor.
Segundo ele, a mudança tornou as empresas passivas e dependentes de repasses bilionários do Tesouro Nacional. "Tenho certeza de que o governo, quando fez isso, não pensou que a conta iria sobrar para o Tesouro. Se tivessem imaginado que iria dar nisso, não fariam", afirmou, em entrevista exclusiva ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. Procurado, o Ministério de Minas e Energia não comentou.
Para manter a redução de 20% na conta de luz, a União transferiu R$ 9,6 bilhões para as distribuidoras de energia este ano. O dinheiro serviu para bancar várias despesas, principalmente com a energia gerada pelas usinas termoelétricas, acionadas por causa da escassez de chuvas, que reduziu o nível dos reservatórios das hidrelétricas.


O Dr. Edvaldo está esquecendo que a forma escolhida para redução das tarifas não é a causa direta do surpreendente uso de térmicas a partir de 2012 , que já consumiu mais de R$ 10 bilhões de recursos do tesouro.  A maneira de reduzir tarifas tem sua ruína específica, verificada na inédita redução de receita em 70% na Eletrobrás, o que não deixa de ser uma destruição de recursos públicos. Quem tiver a curiosidade de olhar os dados de energia natural afluente das quatro regiões do sistema poderá verificar que não há a escassez citada, a não ser na região nordeste, que tem apenas 18% da reserva total do sistema. Mais uma vez, S. Pedro leva a culpa.


Esse gasto sempre foi pago pelo consumidor, mas, se tivesse sido repassado às tarifas neste ano, resultaria num reajuste de 10%. Às vésperas das eleições, o governo decidiu pagar a conta e diluir esse aumento ao longo dos próximos cinco anos.
Tudo indica que, para 2014, os aportes do Tesouro para manter o desconto na conta de luz devem atingir valores semelhantes aos deste ano. "O cenário, no que diz respeito à necessidade de repasse de recursos do Tesouro, tende a ser igual", afirmou. "Para 2014, não tem mais jeito, até porque é um ano difícil de ter mudanças profundas. Mas não acredito que alguém deixe continuar assim."
Forma. Aproveitar a renovação das concessões para reduzir a tarifa de energia era um objetivo correto, segundo Santana. O problema é a forma como isso foi feito. As discussões para a elaboração a Medida Provisória 579, que mudou o marco regulatório do setor, foram restritas a poucas pessoas, que não previram que as despesas que antes eram facilmente bancadas pela tarifa seriam muito maiores em períodos de seca.


Outra vez! Não há a seca histórica que está implícita na frase. O que há é que o critério de garantia que definiu certificados de garantia física para as usinas do sistema é incompatível com a maneira de operar o sistema. Como isso vai ao centro dos equívocos do modelo adotado no Brasil, todos evitam tocar no assunto. Aqui, o Dr. Edvaldo tenta misturar as duas coisas para que a essência passe despercebida.


"Não foi a Aneel quem fez o cálculo. Foram algumas pessoas da agência. Essas pessoas fizeram a conta errada, porque não tinham conhecimento para propor o que foi feito", disse Santana. "Com a centralização, agora todo o setor é dependente do governo. Isso é muito ruim."


Uma declaração dessa gravidade em qualquer país que preza suas instituições seria assunto para as primeiras páginas de jornais. No Brasil, fica tudo por isso mesmo.


A consequência desse erro é que hoje, segundo Santana, o País voltou ao cenário das décadas de 1970 e 1980, quando a tarifa de energia era baixa, mas a remuneração das empresas era garantida. Como a tarifa não cobria as despesas das empresas, em 1993 o Tesouro teve de aportar US$ 27 bilhões para salvar as companhias do setor.


Outro equívoco. Os 27 bilhões são resultado de uma conta que soma a mesma parcela duas vezes. Com o aporte do tesouro, as distribuidoras pagaram 100 às geradoras, que por sua vez, pagaram 50 à Itaipú. A dívida é 100, não 150. Além disso, esses recursos pagaram tarifas definidas por lei que foram descumpridas. Comparadas aos preços de hoje, são 100% mais baratas. O consumidor, principalmente a indústria, se aproveitou desse “subsídio” que, na realidade eram tarifas não pagas. Hoje, a pífia redução de 20% que já se esvai, é feita à custa da destruição da Eletrobrás.


Santana diz lamentar que as discussões no governo hoje estejam centradas em diminuir o tamanho dos aportes do Tesouro ao setor, e não em acabar com essa injeção de recursos. Na avaliação dele, há duas formas para resolver o problema.
Uma delas é descentralizar os leilões de geração de energia, hoje feitos pela Aneel e pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). No modelo atual, o governo organiza o leilão ao reunir geradores e distribuidoras na disputa, equilibrando oferta e demanda. Mas, segundo Santana, a presença do governo nos leilões foi prejudicial, porque a União passou a ficar com a responsabilidade por qualquer problema que surgisse no processo.


É inacreditável como se fala em leilões de energia como se no Brasil eles fossem autênticas vendas de kWh. Não são. São leilões de certificados de energia que nada têm a ver com a energia efetivamente gerada, são fruto de cálculos de escritório que estão sendo contestados.


A outra saída, mais radical, seria retirar as distribuidoras do processo de compra e venda de energia. Nesse modelo, que existe nos Estados Unidos e na Europa, o próprio consumidor escolhe o gerador que vai fornecer energia para a sua casa e a empresa assume os riscos do negócio. A distribuidora é responsável apenas pelo fio que leva a energia até as residências.


Apesar do desejo do Dr. Edvaldo, o Brasil não é a Inglaterra. Mesmo se tivesse um sistema parecido, seria bom dar uma lida no que está ocorrendo por lá.



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