quarta-feira, agosto 28, 2013

Mais um apagão

Qual era a previsão de crescimento da Economia quando a EPE fez os leilões para novas usinas?
O Setor Elétrico exercita uma prática de, há décadas, planejar a expansão do parque gerador, sistemas de transmissão e distribuição assim como de aprimoramento de técnicas operacionais entre outras coisas usando dados de planejamento do crescimento da Economia, PIB, consumo per capita provável etc., formando um conjunto de parâmetros antigos, passíveis de reavaliação.
Tudo, desde leis relativas a impacto ambiental à limítrofe (Lei 8.666, de 21 de junho de 1993) inibem cronogramas, podendo causar enormes prejuízos ao povo brasileiro.  Junte-se a isso o espírito “provi-sempre” e a demagogia...
O planejamento da expansão do Setor Elétrico, movimentando muito dinheiro (muito menos que a área financeira – Banco central) é especialmente afetável pelos grandes grupos econômicos.
Essa atividade, infelizmente, esteve sempre subordinada a conveniências políticas, de carteis, grupos de lobistas e nas mãos de pessoas ingênuas, talvez acadêmicas demais.
O Brasil não ajudou, muito menos o cenário internacional.
Crises e modismos levaram a descontinuidades fortes assim como ao gerenciamento de fábricas a concessionárias de acordo com lógicas primárias de Economia, Administração e Tecnologia.
Os gerentes de alto nível vieram de grupos seletos e até fechados de especialistas residentes nas capitais e de conveniência de quem mandava.
Medem-se conhecimentos, diplomas, medalhas, mas é muito difícil medir a resistência das pessoas a pressões de lobistas e políticos.
Em tempo, na estratégia do máximo lucro e menor custo a confiabilidade, qualidade de serviços e definição de riscos ficou em segundo plano. Afinal, para governos que permanecem no comando do país por poucos anos, qual o significado de riscos mínimos e proporcionais aos interesses e necessidades do povo brasileiro?
Atualmente sentimos, perplexos, os resultados de estratégias estranhas e decisões simplistas [ (As Incoerências da MP 579), (Atrasos em série dobram o risco de racionamento, 2013), (Ilumina - Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico)].
Por muito pouco, muito pouco mesmo, o Brasil não mergulhou de cabeça num enorme racionamento em 2012. O último que aconteceu em 2001, além de desmontar sonhos políticos, derrubou a atividade econômica de modo sensível (Alexandre Canazio, 2011). Muita gente com artes de aprendiz de feiticeiro e apaixonada pelas lógicas neoliberais criou influências que produziram o modelo atual. Na maioria absoluta, contudo, representando corporações e partidos políticos, poucos com experiência real de acompanhamento de grandes obras, comissionamento, operação e de responsabilidade com grandes empresas concessionárias. Essa deficiência é extremamente perigosa. Aliás, todos deveriam estudar um pouco os discursos de Michel Foucault (Livros e Filmes Especiais) para sentir, aplicando-se reflexões mais críticas, que as nossas ciências estão longe de serem realmente exatas.
O drama continua sendo a limitação de conhecimentos e inteligência de qualquer ser humano. Algo mais e mais importante considerando a existência e construção de grandes instalações, de prédios a Usinas de geração de energia, passando pelas gigantescas plataformas de exploração de petróleo em alto mar...
Devemos, precisamos repensar muitas atitudes com isenção de ânimo e coragem. Isso significa entender que o gigantismo atual é mal avaliado, altamente perigoso. Desde sabotagens a acidentes naturais podem varrer populações que vivem em cima de paióis colossais.
A fragilidade do Setor Elétrico pode ser verificada de diversas maneiras, a dos grandes gerentes é mais difícil. Afinal, terão humildade e disposição para análises sensatas?
O apagão de hoje, 28 de agosto de 2013, afetando o Nordeste é um exemplo pequeno do pode acontecer, vão dizer que a culpa é dos porteiros, bombeiros e mordomos?
Cascaes
28.8.2013

(s.d.). Fonte: Ilumina - Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico: http://www.ilumina.org.br/zpublisher/secoes/home.asp
Atrasos em série dobram o risco de racionamento. (2013). Fonte: Ilumina: http://www.ilumina.org.br/zpublisher/materias/Noticias_Comentadas.asp?id=20115
Alexandre Canazio, d. A. (10 de 6 de 2011). A partir do plano de contingenciamento de consumo de energia que mudou para sempre o setor elétrico do país, agentes observam os avanços e desafios impostos com medida. Fonte: ANACE: http://www.anacebrasil.org.br/portal/index.php/midia-e-eventos/anace-na-midia/item/569-racionamento-dez-anos
As Incoerências da MP 579. (s.d.). Fonte: ILUMINA: http://www.ilumina.org.br/zpublisher/materias/Noticias_Comentadas.asp?id=19947
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Livros e Filmes Especiais: http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/
Civil, C. (s.d.). Lei 8.666, de 21 de junho de 1993. Acesso em 23 de 4 de 2012, disponível em Presidência da República - Casa Civil: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8666cons.htm








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