segunda-feira, janeiro 07, 2013

O que estará acontecendo com nossos gerentes federais?



A falta de eletricidade em casa, no trabalho, lazer, culto etc. é uma situação que se percebe de imediato. A intensidade dos efeitos será sentida se isso significar racionamento, apagão ou defeitos em instalações próprias. Em todos os casos é algo que preocupa e justifica cuidados especiais.
Como é atribuição federal, de acordo com nossa Constituição federal, olhamos o Governo distante, em Brasília, na obrigação de zelar para que tenhamos continuidade de um serviço essencial, inclusive a outras atividades tão importantes quanto o saneamento básico, abastecimento de água potável, serviços de saúde, segurança, etc.
Os efeitos de um racionamento são violentos, infinitamente piores que os prejuízos de um apagão. Maravilhosamente o Brasil tem uma base ainda substancial de usinas hidroelétricas, o que facilita enormemente a recomposição do sistema quando ele cai por efeito de raios e/ou falhas humanas. Fosse termoelétrico a complicação e o tempo de recomposição seriam muito maiores.
Racionamentos significam fragilidades que assustam empreendedores e param indústrias, empresas de todo porte exceto aquelas que tiverem capacidade de produzir a energia que precisarem. Desemprego é um efeito direto da dimensão do período que durar a limitação de consumo de energia.
Exatamente em consequência da enorme gravidade de um racionamento o planejamento da expansão da oferta de energia assim como a vigilância firme do que é feito é uma condição justa e necessária em países que estão em fase de crescimento, desenvolvimento que pode acontecer de diversas formas, todas elas, contudo, precisando de muita energia.
O consumo de energia pode e deve ser qualificado, quantificado e disciplinado. O desperdício é um crime, pois tanto a utilização de combustíveis quanto a produção através de fontes renovável têm custos ambientais. O planejamento da expansão do sistema de produção, transmissão, geração e distribuição de energia demandam muitos anos para ser adequado às necessidades da nação. A complexidade de um bom planejamento é grande, mais ainda num país que anda e para com frequência.
Energia e sua utilização precisam de critérios estratégicos técnicos e não eleitoreiros. O Poder Político deve e é sua atribuição definir diretrizes, mas as decisões técnicas precisam ser embasadas em análises específicas, cuidadosas e competentes.
Isso vale para qualquer tipo de energia. A reportagem (Obra de usina no RS está parada há 25 anos, 2013) mostra refinarias atrasadas e custando muito mais do que foram orçadas, isso sem contar com atrasos na hora da partida, da colocação em operação. Foram bem projetadas? Quem são os responsáveis por tantos erros?
Até na indústria naval encontramos problemas que preocupam demais (Transpetro e EAS entram em acordo sobre navios petroleiros , 2012); o que está acontecendo com a Petrobras?
Estranhamos a preocupação do Governo Federal com as montadoras, por exemplo, quando é na micro e pequena empresa que está o verdadeiro Brasil, empreendedor e carente de atenção de nossos governantes. Além disso, milhões de postos de trabalho seriam criados rapidamente se o Governo Federal viabilizasse a reforma de nossas cidades atrasadas e poluentes, cruéis e degradadas [(Brasil 2050), (Cascaes, Cidade do Pedestre)].
Com certeza, na alienação em que fomos criados dá mais voto exibir grandes galpões cheios de robôs produzindo carros que depois irão entupir e poluir as cidades.
Incentivos errados, pesadelos garantidos.
Os efeitos podem ser grandes e não serem percebidos adequadamente, como, por exemplo, facilitar a compra de automóveis e deixar prefeituras sem dinheiro para acolher esses veículos, eventualmente sem recursos até para a manutenção do transporte coletivo urbano, que aumenta seus custos em cidades “engarrafadas”.
Vimos, nesse momento de grandes preocupações com a energia elétrica, uma reportagem do Fantástico excelente (Obra de usina no RS está parada há 25 anos, 2013) onde, além da termoelétrica parada há 25 anos, descobrimos detalhes absurdos de refinarias, parques eólicos e linhas de transmissão atrasados ou parados. Até parece que o Brasil é um país riquíssimo, podendo desperdiçar o dinheiro do contribuinte e do usuário a energia, pois a conta vai por aí.
Mais ainda, o cheiro de corrupção é perturbador, corrupção colossal que o TCU procurou conter. O sentimento de poder dos responsáveis pelas obras com indícios de superfaturamento é tão grande que até desprezaram os alertas do Tribunal de Contas da União...
Nossa Presidenta queria facilitar exportações, reduzir custos da energia e sabe-se lá o que mais. Conseguiu criar um tremendo pânico entre concessionárias, governantes com menos dinheiro nos cofres estaduais e municipais e um ambiente de dúvida em relação ao processo democrático. A MP 579 [ (As Incoerências da MP 579), (MP 579 - MEDIDA PROVISÓRIA Nº 579, DE 11 DE SETEMBRO DE 2012.)] demonstrou que por arbitrariedade sumária do Poder Concedente Federal as regras do jogo mudam dramaticamente de um dia para o outro. Para quê isso? Fogo amigo? Demonstração de autoridade?
Outro aspecto tenebroso desses últimos meses está na contradição do discurso da Presidenta Dilma Rousseff querendo baixar os custos da eletricidade, chegando a editar uma Medida Provisória, e o cenário energético que impõe a entrada em operação de todas as fontes mais caras de energia na base (ONS prevê gasto maior com geração térmica este ano) superando o teto atingido em 2011, ou seja, um ano que vinha mal e não foi pior em termos de eletricidade porque o crescimento da economia brasileira foi ridículo. A contradição assusta, pois demonstra um nível de ignorância que uma ex Ministra das Minas e Energia não deveria ter.
É bom lembrar que os reservatórios das hidroelétricas fazem o papel do tanque dos automóveis. Se estiverem vazios, por maior que seja a potência do motor, o carro não andará. Mais ainda, o SIN precisa de maior capacidade de transmissão para aproveitar melhor qualquer período de chuvas fortes em qualquer uma das regiões brasileiras, parece que até nisso estamos mal.
Com certeza os prepostos da Presidenta tentam amenizar críticas, o que é ruim. Se nosso povo tiver noção mais exata do que está acontecendo poderá prevenir-se, instalando, por exemplo, em prédios altos e instalações estratégicas geradores a diesel, infelizmente.
O Governo Federal errou e muito. Na hora inadequada, de forma incorreta mexeu com um serviço essencial que demanda permanentemente grandes investimentos e é vital ao Brasil.
Note-se que o aumento do consumo é diretamente proporcional ao PIB e no Brasil essa correlação está em torno de 1,4%, elevada, pois nossa grande indústria é de modo geral primária e eletrointensiva.
Sente-se que nossos planejadores são ótimos para formatar desculpas e lentos na avaliação de suas decisões. Muito do que vimos na reportagem do Fantástico já estaria exigindo que ANEEL, EPE e Ministério das Minas e Energia arregaçassem as mangas para a colocação em serviço de instalações paralisadas ou mal conduzidas.
De tudo isso só temos uma certeza: vamos pagar as contas.
É bom rezar, orar, fazer promessa etc. para que não tenhamos outro racionamento, aí os prejuízos serão muito maiores, inclusive para os planos políticos de muita gente ainda forte.
Cascaes
7.1.2013

Transpetro e EAS entram em acordo sobre navios petroleiros . (16 de 11 de 2012). Fonte: Jornal do Brasil: http://www.jb.com.br/economia/noticias/2012/11/16/transpetro-e-eas-entram-em-acordo-sobre-navios-petroleiros/
Obra de usina no RS está parada há 25 anos. (6 de 1 de 2013). Fonte: Fantástico: http://globotv.globo.com/rede-globo/fantastico/t/edicoes/v/obra-de-usina-no-rs-esta-parada-ha-25-anos/2330039/
As Incoerências da MP 579. (s.d.). Fonte: ILUMINA: http://www.ilumina.org.br/zpublisher/materias/Noticias_Comentadas.asp?id=19947
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Brasil 2050: http://brasil-2050.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Cidade do Pedestre: http://cidadedopedestre.blogspot.com.br/
Estado, F. N.-A. (s.d.). ONS prevê gasto maior com geração térmica este ano. Acesso em 7 de 1 de 2013, disponível em Economia & Negócios: http://economia.estadao.com.br/noticias/economia+geral,ons-preve-gasto-maior-com-geracao-termica-este-ano,130896,0.htm
MP 579 - MEDIDA PROVISÓRIA Nº 579, DE 11 DE SETEMBRO DE 2012. (s.d.). Fonte: planalto.gov.br: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/mpv/579.htm

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