terça-feira, janeiro 08, 2013

O fantasma do racionamento



O cenário atual em torno da energia elétrica é algo lamentável e indicador para qualquer leigo ou especialista de que existem problemas no gerenciamento do Setor Elétrico.
Felizmente o Brasil deu uma “paradinha” em seu crescimento, que, esperamos, seja a paradinha antes de chutar o pênalti contra o subdesenvolvimento.
Se o pibinho foi intencional ou não, ele salvou o Brasil de um grande racionamento de energia. Com toda a brecada que tivemos, estamos quase tangenciando o limite de capacidade do sistema, inclusive forçando transferências enormes de energia entre regiões, o que aumenta muito a possibilidade de grandes apagões.
Podemos escapar dessa vez, mas é fundamental que nossas organizações e especialistas analisem com profundidade e isenção de ânimo o que está acontecendo. Precisamos parar com a desinformação e analisar o que relatórios técnicos mostram porque não podem ser escondidos.
Neste cenário podemos ter longos períodos de racionamento, principalmente em regiões sem opções de produção de energia elétrica, se um tornado derrubar linhas de “extra alta tensão” [i], queima de transformadores ou perdas duradouras em lugares estratégicos. Obviamente sempre dirão que houve falha humana, mas o que temos nessa área, mais do que estratégica, é uma coleção de diretrizes perigosas.
O modelo atual impôs a separação das áreas de geração, transmissão e distribuição de energia, acabando com uma sinergia que era fantástica em concessionárias bem dirigidas. Partimos para lógicas simplórias tais como, simplesmente, baixar tarifas.
Assim as empresas foram obrigadas a economizar onde não poderiam, chegando ao absurdo do que vemos em Curitiba, onde as redes aéreas de distribuição da Copel se transformaram em varais mal feitos e extremamente comprometedores da qualidade de serviços, da eletricidade à comunicação.
Uma árvore que desabe sobre essas linhas desliga tudo, inclusive facilidades de avisar que falta energia, tudo isso além da tenebrosa poluição visual. Quando teremos ampliação da rede subterrânea (A COPEL E A EVOLUÇÃO DAS REDES DE DISTRIBUIÇÃO) agregando avanços importantes, como, por exemplo, a reforma das calçadas (Reurbanização Inclusiva)?
Dos nossos varais às grandes hidrelétricas haveria muito a ser feito. A renovação de concessões deveria ter sido tema de grandes seminários entre agentes e clientes, do mais humilde ao mais poderoso. Veio como uma tijolada (MP 579 - MEDIDA PROVISÓRIA Nº 579, DE 11 DE SETEMBRO DE 2012.) no velho e malfadado padrão autoritário (Medida provisória).
Precisamos lembrar que a eletricidade é vital à vida moderna. Essa condição exigiria margens de segurança substanciais, pois nosso padrão de produção significa um aumento em torno de 1,4% no consumo de energia elétrica para cada 1% de aumento do PIB. Daí dizermos que o pibinho salvou o Brasil, se tivermos um pibão e as grandes usinas não entrarem em operação de acordo com o calendário estabelecido (vide o (PAR - Plano de Ampliação e Reforços)) a possibilidade de complicações será elevada.
Conhecemos o suficiente para afirmar que tanto instalações muito novas quanto as antigas poderão falhar ou ter limitações que só o tempo de operação mostrará.
Precisamos da boa estrela de nossa Presidenta e de sua equipe para não termos mais complicações. De qualquer modo a estruturação do Setor Elétrico deixa a desejar à medida que dilui tremendamente responsabilidades tão elevadas quanto o atendimento energético de nosso povo.

Cascaes
8.1.2013

A COPEL E A EVOLUÇÃO DAS REDES DE DISTRIBUIÇÃO. (s.d.). Fonte: COPEL: http://www.copel.com/hpcopel/redesub/apresentacao.html
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Reurbanização Inclusiva: http://reurbanizacao-inclusiva.blogspot.com.br/
MP 579 - MEDIDA PROVISÓRIA Nº 579, DE 11 DE SETEMBRO DE 2012. (s.d.). Fonte: planalto.gov.br: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/mpv/579.htm
PAR - Plano de Ampliação e Reforços. (s.d.). Acesso em 8 de 1 de 2013, disponível em ONS: http://www.ons.org.br/plano_ampliacao/plano_ampliacao.aspx



[i] Que vi acontecer entre a Usina de GBM e Curitiba no início da década de 90

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