quarta-feira, dezembro 05, 2012

Grandes instalações – energia, custos e confiabilidade



Ignorância, “esperteza” ou ingenuidade acontece quando aceitamos condições inadequadas e impossíveis. Os grandes acidentes mostram o que significa o excesso de tranquilidade de gestores de empresas com possibilidade de acidentes catastróficos.
No Brasil, graças ao potencial energético de seus rios, imensas hidrelétricas foram construídas. Antes, durante e depois delas as concessionárias foram obrigadas a treinar equipes, formar laboratórios, enviar os melhores profissionais para treinamentos específicos onde existisse e criar condições de mantê-los nas empresas.
Lamentavelmente mergulhamos de cabeça na visão simplista de tarifas e custos, gerando, inclusive, planos de aposentadoria voluntária irresponsáveis (PDV), zerando equipes valiosíssimas ou inibindo o potencial daqueles que ficaram.
Não existe escola de Engenharia que entregue ao mercado de trabalho profissionais completos, menos ainda nessa área. Na Copel, onde comecei trabalhando justamente numa área que seria uma espécie de controle de qualidade, laboratório, manutenção de instrumentos de ensaios e medidas e comissionamento de grandes instalações, aprendi que dependemos totalmente de pessoas especiais, com talento específico e que crescem profissionalmente se a elas forem dadas as condições de desenvolvimento e trabalho. Juntas de forma harmônica desenvolvem um poder de sinergia forte e precisam permanentemente de suporte para se desenvolverem.
Não existem duas grandes hidrelétricas iguais, são feitas sob medida e de acordo com o local e condições de utilização. Isso exige da empresa geradora um cuidado especial no gerenciamento de seus recursos humanos. Infelizmente a Engenharia deu lugar a outras prioridades...
O Governo Federal faz um grande esforço para atender a FIESP, principalmente. Tarifas de grandes consumidores têm privilégios que os residenciais não têm. Esses convivem com outros problemas, como a má qualidade da distribuição de energia, causando-lhes prejuízos que nem percebem, além de tarifas sem critério preservacionista.
Foi sensato reduzir impostos sobre a energia elétrica que davam pouco retorno ao contribuinte. Nesse mundo em que a escravidão universal retorna no esforço que países acostumados à brutalidade pela sobrevivência impõem novas regras o jeito é gastar menos ou aceitar as regras neoliberais. O Brasil optou pela segunda alternativa, apesar da ingenuidade que durou anos ao se submeter a banqueiros e agiotas. O lucro dos bancos era tão grande que até afetou o crescimento do PIB brasileiro (Spread e juros bancários, 2012) ao ser reduzido na “marra”, graças aos bancos estatais e determinações de nossa Presidente, Sua. Excia. Dilma Rousseff.
O Governo Federal tateia procurando estimular a produtividade, competividade e geração de empregos no Brasil, nem sempre favorecendo nosso povo (Índio, 2012).
Agora temos o terrorismo sobre as empresas de energia. O resultado é discutível e deveria ser melhor conduzido. Com certeza as tarifas deveriam ter caráter técnico e estratégico. Os governos são os principais vilões dos custos, afinal a metade do que o consumidor pagava, no mínimo, consumidor comum, era de impostos, destacando-se o ICMS. Ou seja, se quiserem as tarifas cairão no dia seguinte, deve?
Energia barata significa, acima de tudo, desperdício. Devemos estimular a industrialização mais sofisticada, por quê não acabar com a Lei Kandir (Lei Complementar 87, de 13 de setembro de 1996)? Graças a ela passamos a exportar mais grãos e menos produtos industrializados, sobrecarregando estradas e portos?
O que é inadmissível é por em risco milhões de pessoas fragilizando tecnicamente empresas estratégicas. Se elas são mal administradas, compete ao Poder Concedente agir com mais rigor e escolher criteriosamente (além de estruturar funcionalmente) as agências reguladores.
Pior ainda, vão relicitar? De que forma? Concessões onerosas? Criando impostos adicionais e camuflados e até festejados pela mídia comercial?
O Governo Federal sabe o que é uma usina de energia de grande porte?

Cascaes
5.12.2012

Spread e juros bancários. (4 de 2012). Fonte: DIEESE: http://www.dieese.org.br/notatecnica/notaTec109Spread.pdf
Índio, E. C. (3 de 8 de 2012). A crise e o governo, as montadoras e o PIB, os bancos e a dívida pública. Fonte: Brasil de Fato: http://www.brasildefato.com.br/node/10251
Lei Complementar 87, de 13 de setembro de 1996. (s.d.). Fonte: slide share: http://www.slideshare.net/carolinaqueiroz5/lei-complementar-n-87-96lei-kandir

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olhando ônibus, ruas, NY, e conversando com o Áurio

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