Ignorância, “esperteza” ou ingenuidade acontece quando
aceitamos condições inadequadas e impossíveis. Os grandes acidentes mostram o
que significa o excesso de tranquilidade de gestores de empresas com
possibilidade de acidentes catastróficos.
No Brasil, graças ao potencial energético de seus rios,
imensas hidrelétricas foram construídas. Antes, durante e depois delas as
concessionárias foram obrigadas a treinar equipes, formar laboratórios, enviar
os melhores profissionais para treinamentos específicos onde existisse e criar
condições de mantê-los nas empresas.
Lamentavelmente mergulhamos de cabeça na visão simplista de
tarifas e custos, gerando, inclusive, planos de aposentadoria voluntária
irresponsáveis (PDV), zerando equipes valiosíssimas ou inibindo o potencial
daqueles que ficaram.
Não existe escola de Engenharia que entregue ao mercado de
trabalho profissionais completos, menos ainda nessa área. Na Copel, onde
comecei trabalhando justamente numa área que seria uma espécie de controle de
qualidade, laboratório, manutenção de instrumentos de ensaios e medidas e
comissionamento de grandes instalações, aprendi que dependemos totalmente de
pessoas especiais, com talento específico e que crescem profissionalmente se a
elas forem dadas as condições de desenvolvimento e trabalho. Juntas de forma
harmônica desenvolvem um poder de sinergia forte e precisam permanentemente de
suporte para se desenvolverem.
Não existem duas grandes hidrelétricas iguais, são feitas
sob medida e de acordo com o local e condições de utilização. Isso exige da
empresa geradora um cuidado especial no gerenciamento de seus recursos humanos.
Infelizmente a Engenharia deu lugar a outras prioridades...
O Governo Federal faz um grande esforço para atender a
FIESP, principalmente. Tarifas de grandes consumidores têm privilégios que os
residenciais não têm. Esses convivem com outros problemas, como a má qualidade
da distribuição de energia, causando-lhes prejuízos que nem percebem, além de
tarifas sem critério preservacionista.
Foi sensato reduzir impostos sobre a energia elétrica que
davam pouco retorno ao contribuinte. Nesse mundo em que a escravidão universal
retorna no esforço que países acostumados à brutalidade pela sobrevivência
impõem novas regras o jeito é gastar menos ou aceitar as regras neoliberais. O
Brasil optou pela segunda alternativa, apesar da ingenuidade que durou anos ao
se submeter a banqueiros e agiotas. O lucro dos bancos era tão grande que até
afetou o crescimento do PIB brasileiro (Spread e juros bancários, 2012) ao ser reduzido na “marra”,
graças aos bancos estatais e determinações de nossa Presidente, Sua. Excia.
Dilma Rousseff.
O Governo Federal tateia procurando estimular a
produtividade, competividade e geração de empregos no Brasil, nem sempre
favorecendo nosso povo (Índio, 2012) .
Agora temos o terrorismo sobre as empresas de energia. O resultado
é discutível e deveria ser melhor conduzido. Com certeza as tarifas deveriam
ter caráter técnico e estratégico. Os governos são os principais vilões dos
custos, afinal a metade do que o consumidor pagava, no mínimo, consumidor
comum, era de impostos, destacando-se o ICMS. Ou seja, se quiserem as tarifas
cairão no dia seguinte, deve?
Energia barata significa, acima de tudo, desperdício.
Devemos estimular a industrialização mais sofisticada, por quê não acabar com a
Lei Kandir (Lei
Complementar 87, de 13 de setembro de 1996) ? Graças a ela
passamos a exportar mais grãos e menos produtos industrializados,
sobrecarregando estradas e portos?
O que é inadmissível é por em risco milhões de pessoas
fragilizando tecnicamente empresas estratégicas. Se elas são mal administradas,
compete ao Poder Concedente agir com mais rigor e escolher criteriosamente
(além de estruturar funcionalmente) as agências reguladores.
Pior ainda, vão relicitar? De que forma? Concessões
onerosas? Criando impostos adicionais e camuflados e até festejados pela mídia
comercial?
O Governo Federal sabe o que é uma usina de energia de
grande porte?
Cascaes
5.12.2012
Spread e juros bancários. (4 de 2012). Fonte: DIEESE:
http://www.dieese.org.br/notatecnica/notaTec109Spread.pdf
Índio, E. C. (3 de 8 de 2012). A crise e o governo,
as montadoras e o PIB, os bancos e a dívida pública. Fonte: Brasil de Fato:
http://www.brasildefato.com.br/node/10251
Lei Complementar 87, de 13 de setembro de 1996. (s.d.). Fonte: slide share: http://www.slideshare.net/carolinaqueiroz5/lei-complementar-n-87-96lei-kandir
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