Obras monumentais dão votos, prestígio e valem fortunas, de
diversas maneiras. Podem funcionar de acordo com os projetos ou não. Tudo depende
da “gata borralheira” das empresas, aquela área que normalmente é preterida,
humilhada e desgastada pelas equipes mais próximas dos grandes chefes.
O que é manutenção todos sabem, ainda que a fobia
consumista, devidamente estimulada pela propaganda de coisas novas, leve
multidões a colocar no lixo produtos que ainda poderiam durar muito.
Podemos classificar a manutenção como sendo preventiva,
preditiva, de rotina e corretiva etc.
Conforme o critério gerencial da empresa, entretanto, ela
poderá inexistir, ser passiva, excelente e outros adjetivos.
Com as concessionárias de serviços públicos que
estranhamente existem sob situações diferentes de vigilância, mundos opostos
entre as estatais e as privadas, a manutenção será, com certeza oportunista,
antes de tudo.
Toda concessionária é sujeita a contratos por tempo definido
(exceto o serviço de táxi de Curitiba). O que pode acontecer? A degradação das
instalações quando os tempos finais se aproximarem. Essa deterioração poderá
ser inclusive proposital, de modo a desmoralizar a empresa e jogá-la nos belos
braços do mercado. Já vimos esse filme antes e assusta-nos pensar que poderá se
repetir, mais ainda quando o setor elétrico, por exemplo, entra em baixa graças
a uma MP (As Incoerências da MP 579) extremamente
discutível e prejudicial aos seus acionistas. Sendo empresas estaduais, como é
o caso da CEMIG, COPEL, além da federal ELETROBRAS, assustam investidores. Depois o
Banco Central constata candidamente que os investimentos estrangeiros diminuem e
parte para o que mais gosta, se não houver decisão política contrária, aumentar
os juros. Que beleza para os emprestadores.
Estranhamente o Congresso Nacional silenciou durante décadas
sobre o assunto. Nossos sindicatos e associações ficaram acreditando em
histórias da carochinha e agora descobrem que mais uma vez o Setor Elétrico
entra no jogo contábil da solucionática monetária e na econometria dos donos da
moeda.
Na década de setenta do século passado o governo federal
usou as estatais como instrumento de obtenção de créditos, renegando a indústria
nacional para segundo plano. Agora a coisa parece continuar assim,
estimulando-se a exportação de cereais, carne, minérios e outras coisas de
pouco valor agregado, tornando qualquer insumo um peso considerável na rentabilidade
do produto e mantendo em vigor a Lei Kandir.
Pior ainda, o efeito Argentina dá indícios de contagiar o
Brasil. Na Venezuela até explosão de uma grande refinaria mostrou que algo está
errado. Os hermanos estão se acostumando ao uso de lampiões e nós tornamos
empresas com capacidade de captação de recursos em mercadoria de baixo valor.
Onde as concessionárias economizarão?
Com certeza a primeira vítima será a manutenção. No Setor
Elétrico isso é assustador, até PCHs podem fazer muito estrago, quanto mais
hidroelétricas com mais de cem metros de altura...
Se com dinheiro já enfrentavam dificuldades diante de
lógicas mesquinhas de gerência de recursos humanos, como ficaremos nesse
imbróglio?
Podemos agora apostar que a qualidade dependerá da
manutenção política, do prestígio dos DAS, se estatais, ou da super-competência
de profissionais nas empresas privadas, se existirem.
Com certeza acrescentaremos verbetes na literatura técnica
para qualificar a manutenção, operação e até os projetos das empresas de
energia, por enquanto.
Pior, contudo, será o agravamento de riscos de grandes acidentes em instalações estratégicas.
Normalmente os compradores dessas obras antigas querem mais é tirar o máximo delas.
Afinal vimos como nossas agências reguladoras estão fragilizadas, confiar em quem?
Quem fiscaliza o quê?
Que confiabilidade teremos?
Cascaes
26.11.2012
As Incoerências da MP 579. (s.d.). Fonte: ILUMINA:
http://www.ilumina.org.br/zpublisher/materias/Noticias_Comentadas.asp?id=19947
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