A ignorância técnica é um risco monumental que países
subordinados a continhas primárias de custos sofrem. Na Engenharia isso é um
desastre, até porque ela não aparece com pompa e circunstância como em outras
profissões.
Um exemplo dessa ignorância espantosa são os famosos PDVs. Ignorância
ou esperteza, pois com eles gente que “vestia a camisa” sai da empresa,
principalmente quando for estatal, deixando-a nas mãos de personagens conhecidas
no mundo dos negócios.
Para o povo em geral o que de pior pode acontecer é a
exposição a riscos de acidentes e serviços ruins. Temos já uma coleção de tragédias
com empresas feitas para essencialmente terem lucros fascinantes, a qualquer
preço.
Os Conselhos de Defesa da Profissão dão a ilusão de que
diplomas e carimbos são suficientes. Se algo der errado, seus chefes terão a
oportunidade de dar entrevistas e aparecer com destaque na mídia. A culpa é do
profissional...
Está na hora de compreendermos que a competência
profissional é o resultado de muitos anos de treinamento e trabalho duro,
objetivo, sério e eficaz. Os profissionais saem das universidades com formação
primária, insuficiente, exceto em atividades burocráticas. As coisas não se
resumem a continhas de preço e taxas de retorno. Aliás, essa é uma boa maneira
de se avaliar bons gerentes, quando os questionamentos se centralizam no
economês primário, dá vontade de chorar.
O Setor Elétrico entrará em um novo padrão de risco. As concessões
serão relicitadas. Sem maiores estudos e discussões, hidroelétricas gigantescas
passarão a fazer parte do portfólio de companhias maiores, talvez estrangeiras,
a serem usadas para “aumentar a competitividade delas”. Quanta ingenuidade!
Dizem que a ANEEL fará a vigilância, com quem? De que
maneira?
Naturalmente muito do que se fez durante anos para formar
boas equipes será perdido, se as equipes técnicas já não foram dispersas. Aliás,
foram. Visitando grandes estatais ficamos sabendo que equipes completas desapareceram
após a decisão de alguns DAS. Ou seja, estatais ou privatizadas a maioria delas
não têm mais o que se fez com tanto esforço, seus bons profissionais.
Alguém poderá dizer que tudo pode ser terceirizado, com os
critérios de menor custo?
Precisaríamos de alguma entidade livre da influência deletéria
dos DAS e acionistas avarentos para uma avaliação de risco real. Vimos no Japão
o que significou a prorrogação da concessão das usinas nucleares sem maior
atenção para suas fragilidades. O mundo convive com instalações que podem ter
aparentemente pequenas probabilidades de acidentes catastróficos, mas que
analisadas sob o prisma rigoroso de causas e efeitos de administrações ruins
deixariam a Humanidade apavorada.
Talvez estejamos entorpecidos pela Guerra Fria, quando poucas
pessoas, por mais idiotas que fossem, poderiam dar a ordem do Armagedon. Quem sabe
tenhamos a passividade argentina de aceitar apagões diários ou sejamos capazes
de saber que nossos rios se enchem de produtos venenosos, pois não devemos
diminuir a competividade de certas atividades exportadoras...
Louvamos os esforços de nossa Presidenta Dilma Rousseff,
lamentamos, contudo, tantos anos de alienação e ignorância que deixaram o
Brasil desse jeito.
E agora Manuel?
Cascaes
29.11.2012
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