Continuaremos reféns de Brasília?
Nossos governos usam e abusam do direito de licitar
concessões.
Tivemos casos absurdos e a omissão daqueles que podiam
reagir foi impressionante.
Algo usado e abusado pelos governos nos três níveis de
competência e atribuições é a licitação em caráter onerosa de concessões e
permissões. A desculpa é que, como diz a MP (As
Incoerências da MP 579) :
Art. 2o
As concessões de geração de energia hidrelétrica destinadas à autoprodução,
cuja potência da usina seja igual ou inferior a cinquenta MW, poderão ser
prorrogadas, a critério do poder concedente, uma única vez, pelo prazo de até
trinta anos.
§ 4o A
prorrogação de que trata este artigo será feita a título oneroso, sendo o
pagamento pelo uso do bem público revertido em favor da modicidade tarifária,
conforme regulamento do poder concedente.
Seria
interessante termos uma auditagem rigorosa dessa condição de licitação em todas
aquelas já realizadas em outras agências e poderes licitantes. Aconteceu o que
estabelecem nesses termos? De que jeito? Onde?
Qualquer licitação de serviços essenciais deve estabelecer
rigorosamente as condições técnicas a serem definidas, algo que é função do
serviço, local, meio ambiente, ajustes técnicos, tarifas, reformas etc. Isso
tem custos e é importantíssimo. O ideal é outorgar serviços a quem melhor e
mais serviços proporcionar com as menores taxas e tarifas possíveis.
Sentimos que somos “garfeados” em aeroportos, rodoviárias,
estradas, transportes coletivos, saneamento básico, telecomunicações, etc..
Na MP 579 temos que a ANEEL definirá os detalhes técnicos como
entender que forem justos. A essa altura, alguém acredita em “agências
reguladoras”? Vimos nos inquéritos divulgados como certos grupos afetam até nomeações
para a direção dessas repartições públicas instaladas no Planalto Central, algo
distante e ao alcance de gente que pode gastar muito, afinal as diárias de
hotel, restaurantes, táxis, tarifas de avião etc. não cabem no orçamento do
brasileiro comum.
Reclamar via Rede Social ou números de telefone e endereços
de e-mail para ter respostas nem sempre racionais?
É bom reproduzir a teoria expressa na MP 579 (Setor
Elétrico):
Art. 1o A partir da publicação desta
Medida Provisória, as concessões de geração de energia hidrelétrica alcançadas
pelo art. 19 da Lei no 9.074, de 7 de julho de 1995, poderão ser prorrogadas, a critério
do poder concedente, uma única vez, pelo prazo de até trinta anos, de forma a
assegurar a continuidade, a eficiência da prestação do serviço e a modicidade
tarifária.
§ 1o A
prorrogação de que trata este artigo dependerá da aceitação expressa das
seguintes condições pelas concessionárias:
I - remuneração por tarifa calculada pela Agência Nacional de
Energia Elétrica - ANEEL para cada usina hidrelétrica;
II - alocação de cotas de garantia física de energia e de potência
da usina hidrelétrica às concessionárias de serviço público de distribuição de
energia elétrica do Sistema Interligado Nacional
- SIN, a ser definida pela ANEEL, conforme regulamento do poder concedente; e
III - submissão aos padrões de qualidade do serviço fixados pela
ANEEL.
A ANEEL poderá realizar tudo isso com padrões corretos e a
serviço do povo brasileiro?
O Brasil é grande demais e muitas das funções atribuídas à
União não deveriam estar lá. Inacreditavelmente até a distribuição de energia
depende de ministérios e agências federais, pode? Deve? Para quê?
Se temos dificuldade em nossas cidades, imaginem o que pode
estar acontecendo tão longe nesse Brasil entorpecido pelo futebol e questões
importadas?
Com certeza a centralização de poderes facilita os grandes
esquemas de cooptação e corrupção. Escritórios montados em Brasília e portas
abertas para quem é poderoso significam bons preços para grupos famosos e
intocáveis.
O escândalo provocado pela operação Porto Seguro [ (Exoneração de
filha de Rosemary é publicada no 'Diário Oficial') , (Operação Porto Seguro: AGU anuncia "pente fino" nas agências
do Governo, 2012) ]
demonstra que pessoas instaladas em São Paulo decidiam acintosamente quem
deveria ocupar cargos estratégicos em Brasília, sem maiores resistências do
Congresso Nacional.
Viajando pelo mundo afora podemos sentir diferenças brutais
de qualidade entre o Brasil e países nem sempre tão ricos. Talvez isso seja o
resultado do dinheiro monumental gasto pelo Governo e cidadãos brasileiros na
agiotagem que se instalou aqui. Teve banco estrangeiro que se sustentou com
divisas (reais transformados em outras moedas) durante anos, criando
programinhas sociais para iludir os nativos desta terra. Isso e muito mais
explicam a péssima qualidade de nossos serviços. Felizmente nossa Presidenta
acordou para esse “pequeno detalhe”.
Queremos ver como, se já não está acontecendo, a Presidência
da República promoverá a faxina que nosso povo deseja e implora para voltar a
acreditar na democracia e aumentar o prestígio de sua administração.
Seus cuidados, contudo, precisam ser técnicos, também. Criar
licitações onerosas de concessões e permissões é gerar novos impostos e
estimular a degradação dos serviços essenciais. Afinal a pressão é
contraditória, baixar tarifas e outros custos e aumentar a qualidade e
segurança dos serviços.
Mais ainda, como será usada a energia? Será transformada em
lingotes de alumínio e aço?
Continuaremos reféns de Brasília?
Cascaes
27.11.2012
As Incoerências da MP 579. (s.d.). Fonte: ILUMINA:
http://www.ilumina.org.br/zpublisher/materias/Noticias_Comentadas.asp?id=19947
Carneiro, L. O. (26 de 11 de 2012). Operação Porto
Seguro: AGU anuncia "pente fino" nas agências do Governo. Fonte:
Jornal do Brasil: http://www.jb.com.br/pais/noticias/2012/11/26/operacao-porto-seguro-agu-anuncia-pente-fino-nas-agencias-do-governo/
Exoneração de filha de Rosemary é publicada no 'Diário
Oficial'. (s.d.). Fonte: G!:
http://g1.globo.com/politica/noticia/2012/11/exoneracao-de-filha-de-rosemary-e-publicada-no-diario-oficial.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário