O Paraná
cochilou e perdeu o trem?
11 set 2012 - 06:48
por Paulo
Ferraz *
Depois
de um amplo debate havido em nosso estado, o escrete formado pelo
setor produtivo representado por suas Federações, o Governo Estadual, o
segmento acadêmico, políticos e as entidades de classe de Engenharia. tudo
levava a crer que, enfim, o Paraná teria uma considerável expansão de sua
malha ferroviária, sonho de quase 50 anos.
Tinha
ficado claro que uma nova linha direta de Guarapuava a Paranaguá, a
ligação Cascavel à Maracajú no Mato Grosso do Sul, o novo eixo da Ferrovia
Norte-Sul, passando por Campo Mourão e Pato Branco, e o Contorno
Ferroviário de Curitiba pareciam estar sacramentados como prioridades do
modal sobre trilhos para atender as necessidades da logística no Paraná.
O
Governo do Estado dava como certo os entendimentos com o Governo Federal
e só aguardava o anúncio dos aportes da União e da modelagem para a
implantação dos novos projetos.
Mas, no
lançamento do PAC Infraestrutura, o sonho virou pesadelo para o
Paraná !
O nosso
pujante estado ficou de fora!
Lembrou
o famoso episódio da Copa de 58. O técnico brasileiro Vicente Feola
orientando o jogador Garrincha antes do jogo com a Rússia para que o
ponteiro, recebendo a bola, driblasse o marcador, fosse até linha de fundo
e cruzasse para o nosso centroavante marcar o gol. O craque das
pernas tornas perguntou então: “Isso já foi acertado com o adversário? ”
No caso
das ferrovias, nossas autoridades cochilaram e o trem passou voando como
o Trem Bala do Bernardo Figueiredo.
Os
ministros paranaenses, pressionados, logo acenaram com a solução de um prêmio
de consolação, oferecendo ao Paraná um pacote que precisa ser analisado
com extrema cautela pois pode ser um presente de grego.
O nosso
estado precisa avaliar o que ganha nesse jogo, sob pena de ser usado
somente para chancelar um esquema direcionado para atender grandes grupos
operadores de logística e uma grande multinacional exportadora de grãos, resultado
da força política da Ministra Ideli Salvati, que trará resultados
econômicos para Santa Catarina.
Além da
frustração de não contar com uma nova linha para Paranaguá, os
paranaenses verão sua produção escoar pelos portos de São Francisco e de
Itapoá, reduzindo receitas dos nossos embarcadouros.
O
prêmio de consolação não representará a real expansão da malha que almejamos,
pois mais de 80 % não seriam novas linhas, mas sim adequações das linhas
atuais, conforme já apontados nos editais da VALEC, trilhos esses que
apresentam problemas de circulação de trens em áreas urbanas, com muitas
passagens em nível, baixa velocidade e invasões de faixas que vem
crescendo pós-privatização.
E como
serão feitas essas adequações sem prejuízos ao tráfego atual?
Será
que dos R$ 90 bilhões do PAC, nossos Ministros só nos darão remendos nas
nossas linhas?
*Paulo
Ferraz é engenheiro
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