sexta-feira, janeiro 30, 2015

A importância de boas empresas de auditoria e as concessionárias

Tarifas, contas mal feitas?
As férias no Brasil são o período das maldades governamentais. Tudo o que se quer fazer de pior começa a acontecer após o Natal e só diminui com o final do carnaval. Depois as distrações de sempre, talvez turbinadas por patrocinadores que sonham com a nossa passividade, letargia, ignorância e covardia.
Estamos vivenciando essa situação, sintomaticamente o início de mandatos e o meio de outros que precisam de dinheiro para mostrar algo concreto antes das próximas eleições.
O que parece não existir no Brasil?
Auditagem enérgica, completa, independente e competente.
Empresas de serviços e produtos essenciais e similares deveriam ter métodos de trabalho, qualidade técnica e custos regularmente auditados[1] por empresas totalmente independentes dos poderes políticos e empresariais além das corporações de trabalhadores. No Poder Judiciário varas específicas, principalmente para julgamento de ações contra concessionárias, fazem muita falta. No sistema de policiamento delegacias especializadas e treinamento de policiais padrão Polícia Federal completariam ouvidorias e órgãos de defesa do consumidor que nem sempre escutam bem. Unindo tudo, processos rápidos e proporcionais aos danos causados. Tudo isso é, talvez, até cruel e aparentemente caro, mas necessário para que em ambiente democrático o cidadão comum tenha tranquilidade ao pagar suas faturas, bilhetes, litros de combustíveis etc.
A Operação Lava Jato demonstra o que significa uma empresa mal auditada e o imenso prejuízo possível...
O que seria auditar em padrões de Engenharia uma concessionária, por exemplo?
Antes de mais nada a avaliação da qualidade da base de dados. Sem estatísticas e documentação confiáveis caímos em cálculos sem significação, exceto enganar a “velhinha de Taubaté”[2] ou garantir o apoio da Terta[3].
Os aparelhos de medição são aferidos (comparados com padrões) e lacrados? Em torno de deles pode-se desviar elementos de custo (gatos em energia elétrica, pular catracas, usar o mesmo cartão de franquia sem critério por diversas pessoas, medições fraudadas, adulteração etc.)? qual é o padrão de repetibilidade, robustez, inviolabilidade, etc.?
As estatísticas são fiéis? Os agentes reguladores promovem e usam dados precisos? Sabem usá-los? Trabalham sem interferências maldosas? Foram bem preparados para suas funções?
Os elementos de custo são reais? Os investimentos são avaliados com precisão? manutenção? boa operação? BDI[4]?
Os sistemas de transporte de dados e manipulação podem ser invadidos e alterados? Criou-se uma mística falsa de segurança de estruturas eletrônicas (digitais, computadores, internet, etc.) o que hoje qualquer usuário da WEB descobre penosamente que não é verdadeiro. Qual é o padrão de segurança? Como acreditar em dados e fatos mal registrados ou sob vigilância criminosa de pessoas ou grupos interessados em ganhos injustos?
Os conselhos de consumidores são eleitos pelos consumidores? Quem e como são formados? Qual é a formação técnica dessas pessoas? Têm privilégios? As reuniões são filmadas e divulgadas quando acontecem?
Existe uma preocupação real de atender bem? O planejamento dessas empresas e entidades públicas e privadas está subordinado a boas técnicas de qualidade, confiabilidade, diretrizes políticas sadias, custos versus benefícios reais?
No Brasil temos laboratórios e profissionais formando empresas de auditagem acima de qualquer suspeita (sem engajamento político ou corporativo)?
Existem exemplos de ingenuidade colossal que deram prejuízos mundiais em todos os setores, situação que surgiu com o fortalecimento do mundo girando em torno do mercado do dinheiro e descobrimos com a devassa sobre os privilégios de cortes podres e privilégios de elites. As grandes crises do mundo mercantil e especulativo ocorreram em sua maioria em falências fraudulentas e abusos de executivos criminosos. Como evitar novos desastres?
O ser humano é frágil e a garantia de honestidade e seriedade depende de vigilância permanente. O objetivo não deve ser apenas o de punir, mas de prevenir ações prejudiciais, principalmente de forma dolosa, algo que parece estar começando a acontecer no Brasil.
É bom nunca esquecer que raramente os “castigos” compensam os prejuízos.
Lamentavelmente somos obrigados a sair da tranquilidade que desejaríamos confiando em tudo e em todos. De alguma forma demoliram boas estruturas de planejamento, projetos, custos, construção, operação, comercialização e, principalmente, de fiscalização. Em alguns setores talvez nunca tenham existido.
Estamos com o risco de um retrocesso econômico gravíssimo e nossas autoridades teimam em desmentir o óbvio, talvez porque o que está acontecendo seja o fruto inacreditável da omissão e gestão temerária durante décadas.
O que assusta é que fazendo declarações otimistas inibem ações preventivas.
Pior ainda nesse início de 2015 é saber de forma até cínica, diariamente, que tarifas sobem aos pulos, impostos mais taxas e encargos estão crescendo além da inflação, multas criadas ao prazer das autoridades aparecem assustando todo mundo, vamos pagar mais impostos e por aí afora.
A degradação de serviços é evidente, a falta de saneamento básico integral é um pesadelo, não temos transporte racionalizado, sobram crianças abandonadas nas ruas, jovens dominados por quadrilhas organizadas, a Educação perde espaço para grupos financeiros, etc.
O espanto aumenta quando lembramos os discursos ufanistas feitos durante esses últimos anos e durante as eleições de 2014, pode? Perdemos de 7 a 1.
Cascaes
30.1. 2015



[1] Auditoria é um exame cuidadoso e sistemático das atividades desenvolvidas em determinada empresa ou setor, cujo objetivo é averiguar se elas estão de acordo com as disposições planejadas e/ou estabelecidas previamente, se foram implementadas com eficácia e se estão adequadas (em conformidade) à consecução dos objetivos. Fonte Wikipédia.
[2]Velhinha de Taubaté é um personagem de humor brasileiro criado pelo escritor e cronista Luis Fernando Verissimo, durante o governo do general João Baptista Figueiredo (1979-1985). 
Famosa por ser "a última pessoa no Brasil que ainda acreditava no governo", como definido pelo próprio autor, Verissimo contava que, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, sempre se pensava antecipadamente em como a velhinha iria responder. Fonte: Wikipédia
[3] No início dos anos 70Chico Anysio interpretava um personagem chamado Pantaleão, que tinha óculos com uma lente incolor e outra preta. Ele vivia contando "causos" mirabolantes, que ocorriam sempre no ano de 1927. Havia também a sua esposa Terta, a qual era solicitada para confirmar a veracidade de suas histórias mentirosas. Ele perguntava : "É mentira, Terta?" E ela respondia: "Verdade". O Pedro Bó era interpretado por um ator rechonchudo, quase velho, mas que fazia papel de garoto. Vez ou outra interrompia Pantaleão com uma pergunta tola. Fonte: Wikipédia
[4] BDI (Benefícios e Despesas Indiretas), é o elemento orçamentário destinado a cobrir todas as despesas que, num empreendimento (obra ou serviço), segundo critérios claramente definidos, classificam-se como indiretas (por simplicidade, as que não expressam diretamente nem o custeio do material nem o dos elementos operativos sobre o material — mão-de-obra, equipamento-obra, instrumento-obra etc.), e, também, necessariamente, atender o lucro.
Na composição do BDI acham-se, segundo os critérios claramente definidos e de acordo com metodologia matemática de cálculo precisamente estabelecida, os custos de (1) administração central, em parcela rateada para o empreendimento em causa; (2) custo de capital financeiro contraído do mercado; (3) margem de incerteza (aceitável apenas para o contratante, em razão de este desconhecer, a priori, o cenário de ofertantes e de ofertas disponíveis no mercado); (4) carga tributária específica, nas várias esferas estatais) e (5) lucro (lucro bruto ou margem de contribuição). Como se vê, todos são elementos de custo indireto.
BDI é a parcela de custo que, agregada ao custo direto de um empreendimento, obra ou serviço, devidamente orçado, permite apurar o seu custo total. Objetiva suportar os custos que, conquanto não-diretamente incorridos na composição do binômio "material versus elementos operativos sobre o material (tradicionalmente denominado apenas mão-de-obra), todavia incorrem também na composição geral do custo total.
Costuma-se expressá-lo em valor relativo ou percentual (mais usual), ou por unidade (menos comum, porém muito mais útil em análise) relativamente ao custo direto. O fato de ser assim expresso (relativamente ao custo direto, porém de modo indireto), é uma justificativa adicional pela qual se diz elemento de custo indireto. Contudo, a razão própria dessa qualificação acha-se na sua composição, conforme exposto.

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