sexta-feira, janeiro 10, 2014

Prioridades e as parcerias caracu

O sistema capitalista Frankenstein
O Brasil é um país extremamente criativo, principalmente na área econômica. Aqui o encilhamento[1] (1889, 2013) fez história, o congelamento de tarifas desmontou nossas concessionárias diversas vezes e a correção monetária introduziu um sistema de realimentação positiva que qualquer engenheiro da área de controle sabe que é absolutamente instável.
A “correção monetária” merece o prêmio Nobel, é algo tal como se o carro desviar para um lado dá-se estímulo ao motorista para que vá mais ainda para o sentido do deslocamento.
Nossos livros e tratados sobre Economia trazem informações adequadas a engenheiros, estranhamente os economistas inventaram tanta palavra difícil que já não sabem o que dizem. Os banqueiros aplaudem.
Os brasileiros nunca souberam ou sabiam demais na área econômica, com tremenda afetação em todos os serviços essenciais.
O Setor Elétrico é um exemplo que merece análise minuciosa desde que a primeira lâmpada foi ligada em nosso país.
O Brasil demolido pela Guerra do Paraguai, revoluções e loucuras de governantes mais atentos à manutenção de privilégios de uma aristocracia incompetente e malandra, em todos os sentidos, perdeu oportunidades reais de crescer com solidez.
Em pleno século 21 reencontramos situações no mínimo preocupantes, onde a parceria caracu é refeita entre o Estado (o povo paga) e empresários espertos.
Vemos projetos imensos em que fundações de estatais participam e “vencem” concorrências em parceria com grupos econômicos privados. Os valores preocupam. Os sócios estatais estariam entrando com o risco enquanto os grupos privados com a festa? Além do BNDES capitalizando empresas que acenavam com recursos próprios, como ficarão as fundações de previdência das estatais se “aceitaram” valores de viabilidade improvável?
Parcerias entre sócios públicos e privados deveriam valorizar a competência imaginada do parceiro privado. Será isso que acontece ou simplesmente é mais um gancho de armações ilimitadas?
Por exemplo, no Paraná vimos coisas tais como o projeto do Porto de Pontal do Félix, algo inacreditavelmente absurdo.
E o Metrô? Mais um cartório? Até para adoçar argumentos falam em tarifas técnicas razoáveis, só não contam tudo.
Tudo bem, o parceiro privado saberá explorar ao máximo seus sub, sub sub, sub sub sub contratados. E a qualidade? Confiabilidade? Farão milagres?
Temos grandes projetos enquanto faltam creches, escolas, segurança, racionalização de serviços essenciais etc., ou seja, fazer o que deve ser feito não é prioridade de nossos governantes.
Para quê se preocupar? As praias estão aí, o carnaval chegando e o Brasil será campeão, veremos via TV, pois o acesso às arenas será impossível para a imensa maioria do povo.

Cascaes
10.1.2014

Gomes, L. (2013). 1889. Fonte: Livros e Filmes Especiais: http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/2013/11/1889.html







[1]Crise do Encilhamento foi uma bolha econômica que ocorreu no Brasil, entre o final da Monarquia e início da República, estourando durante o governo provisório de Deodoro da Fonseca (1889-1891), tendo em decorrência se transformado numa crise financeira. Os então Ministros da Fazenda Visconde de Ouro Preto e Rui Barbosa, sob a justificativa de estimular a industrialização no País, adotaram uma política baseada em créditos livres aos investimentos industriais garantidos por farta emissão monetária.
Pelo modo como o processo foi legalmente estruturado e gerenciado, junto com a expansão dos capitais financeiro e industrial vieram desenfreada especulação financeira em todos os mercados e forte alta inflacionária, causadas pela desconfiança oriunda de determinadas práticas no mercado financeiro, como excesso de lançamento de ações sem lastro, e posteriores OPAs visando o fechamento de capital.

Nenhum comentário:

Postar um comentário